data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Luana Ferreira Chies/ Divulgação Emater/RS- Ascar
Cerca de 490 produtores de leite da Região Central já são afetados pela estiagem. Conforme dados da Emater, mais de 2 milhões de litros deixaram de ser produzidos desde novembro, sendo 63 mil litros a menos por dia.
A seca acarreta desconforto térmico, causador de estresse aos animais, além de prejudicar as pastagens nativas e cultivares para a alimentação das vacas leiteiras.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emater Regional de Santa Maria, Luís Fernando Oliveira, é percebido um aumento considerável no número de produtores afetados de uma semana a outra, ao levar em consideração o contexto de 35 municípios da abrangência da região.
_ A gente passou de 150 produtores na primeira semana que foi feito o levantamento para esse número na última semana. É muito grave a situação. Perdemos já na faixa de 25% a 30% da produção diária _ afirma Oliveira.
PREÇOS
Os custos de produção para o homem do campo também foram impactados pela seca, já que, para ser mantido o mínimo de estabilidade dos seus rebanhos, a alimentação dos animais costuma ser complementada com a ração, ainda mais em um panorama em que a produção de silagem nas propriedades foi baixa com a seca. Gastos maiores que, conforme o engenheiro agrônomo, serão percebidos nas prateleiras dos supermercados pelo consumidor, com o aumento do preço do leite.
O período para que a produção leiteira seja restabelecida dentro das condições de normalidade dependerá do tempo que os produtores precisarão para que as pastagens sejam refeitas. Se ocorrerem chuvas, em um cenário de mudanças climáticas, a perspectiva é de que isso ocorra, no mínimo, em 35 dias.
Perda diária é de pelo menos 1,5 milhão de litros no RS
No Rio Grande do Sul, a produção leiteira já apresenta um déficit de pelo menos 1,5 milhão de litros por dia, de acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando) Marcos Tang, ressalta que este é o quarto ano de estiagem, sendo marcado de não produção de alimento para as vacas. E a tendência é que essa queda se acentue, conforme ele. Nesse panorama, a alternativa para o produtor acaba sendo a venda dos animais, com dificuldade para localizar comprador, ou realiza empréstimos, adquirindo ainda mais contas. Além disso, há também a questão do preço pago pelo litro ao produtor que não está colaborando.
_ A situação está complicada. É o tal do cobertor curto. Vende as vacas agora e depois, em maio, quando o leite está pagando melhor, tu precisas de leite para pagar as contas que tu fizestes hoje, como tu vais pagar, se tu não tens leite? _ explica Tang.
Receita abre segunda-feira consulta a lote residual
O presidente da Gadolando reforça que o ciclo de uma vaca é considerado de médio a longo, sendo que uma terneira que nasce em janeiro de 2022, somente vai produzir leite em 2024. Ainda conforme Tang, até o momento o cenário era de troca de vacas, mas em função de secas subsequentes, a produção registra uma queda dia a dia.
_ O mínimo que nós precisamos é uma recuperação de preços para nós podermos pagar contas e não é nem ter lucro. O produtor faz tudo com muito amor, escolheu essa profissão então eu não vou queixar aqui trabalho demais, mas ele precisa de lucro. Hoje estou dizendo que ele precisa de retorno para pagar as contas. Há uma tendência de recuperação de preços entre abril e maio, principalmente maio, mas quero ver aguentarmos até lá _ afirma o presidente.
Tang ressalta que, ao chover, é preciso otimizar uma cultura de inverno, para fazer cortes e pastoreio a cada 20 dias, com superutilização das áreas, para substituir o que está faltando nos silos.
Com informações da Agert